quarta-feira, 19 de maio de 2010

A garagem

Tenho uma vida de rotinas. Bato cartão, tenho hora para acordar, para almoçar, para chegar em casa, para dormir, ônibus para pegar diariamente, horário da academia, do centro espírita, de correr no parque e para sair com os amigos.. um trajeto diário de casa até o ônibus e também para retornar. E em meio ao meu trajeto está aquela garagem.. Momento diário, passo e olho se encontro o carro dele.. Quero saber se está em casa, não consigo não olhar... E sinto um aperto, de saber que está a poucos metros de mim e ao mesmo tempo tão distante.. Enojo-me ao pensar que não se digna a olhar pela janela, naquele mesmo horário que já lhe deixei escapar intencionalmente... Olho ao redor pelas calçadas em busca de um encontro casual que nunca aconteceu, provavelmente não casualmente. Por que tanta fuga? Volto a minha visão para garagem.. engulo a dor e faço algum comentário insignificante com o colega de trabalho e companhia em meu trajeto. Continuo caminhando e chego em casa pensando em você.. Verifico meu celular, pois você sabe que é nesta hora que eu diariamente estou em casa. Ocupo-me para tentar seguir em frente. Como posso o apagar se invadiu a minha rota? E rotineiramente olho a sua garagem, pois é tudo que o seu descaso me permite...